Márcia guzzo

Côco miudinho

Márcia guzzo
Eu canto côco, canto côco miudinho
Moído lá no moinho pelas pás dessa nação
Feito das brisas de uma flauta de taboca
Faz gente sair da toca e arrastar pé nesse chão
Sem brincadeira juro tô falando sério
Desvendo qualquer mistério e desafio assombração
Por uma chance de soltar minha voz no mundo
Não para nem um segundo me alimento da canção

Eu canto côco, canto côco firme e forte
Sou do sul mas vim do norte
Visto a cor do meu país
Trago no sangue o swing lá da bahia
Misturo na poesia versos de vários brasis

Quem canta esse côco da gente
Quem toca com palma de mão
No peito já brota a semente
Dos olhos já brota a nação

A minha terra é um país que é continente
De sotaque diferente mas de sonho tão igual
Sonhos sonhado, esquecido, resgatado,
Encardido, perfumado, impossível, mas real
Eu canto côco, galope, baião, xaxado,
Com gente boa do lado eu canto tudo que eu quiser

Quem canta esse côco da gente
Quem toca com palma de mão
No peito já brota a semente
Dos olhos já brota a nação

A voz me guia pela rua da saudade
Pelo beco da verdade sob a ponte da ilusão
Sou andarilha improviso cada passo
Mas não saio do compasso levo a rima pela mão
Eu canto côco, toco côco, danço côco
E alegria pouco pouco levo pra todo lugar
A vida passa com sua pressa costumeira
Ouve a nossa brincadeira e para um pouco pra dançar
E ela canta com sua voz jovem idosa
Jatobá, botão de rosa, donos da mesma raiz
Na terra fértil de um povo que acredita
Que tal vida é tão bonita que ainda dá para ser feliz

Quem canta esse côco da gente
Quem toca com palma de mão
No peito já brota a semente
Dos olhos já brota a nação

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