Mateus porto

Ano bom

Mateus porto
O salto que precede a queda
Marionetes no salão
Quem são os donos desse império?
Quantos de nós nessa prisão?
Quem vem de onde nos salvar?

Quanta alegria a salivar
Nas bocas secas não beijando
Sem poder nada até quando?
Quem?
Quem andará nessas alturas
Quantas agruras me trará?

Qual é o preço desse absurdo
Quem tem coragem de pagar
Quantas moradas do divino
Quantas as portas pra arrombar
Quantas desgraças, desatinos
Quantos destinos pra traçar

Também
Foi, foi um ano bom
Bom pra desesperar
Foi, foi um ano bom
Bom pra se anular
A paz de anteontem
A guerra de ontem
A paz
A guerra de ontem
A paz de anteontem
A paz
O busto do heroi de guerra
A gloriosa frustração

Do canto que em si se encerra
E não reverbera no salão
Quantas as faces da miséria
Quantas rasteiras pra levar
Qual o tamanho dessa queda
Qual é o prazo pra chegar ao chão
A transcendência da matéria
Hinos e mantras pelo ar
A epiderme da tragédia

Todos os fatos por contar
Quem é o dono dessa história?
A quem cabe o fardo de narrar?
Quem no final terá a glória?
O rei de toda a escória quem será?
Foi, foi um ano bom
Bom pra desesperar
Foi, foi um ano bom
Bom pra se anular
A paz de anteontem
A guerra de ontem
A paz
A guerra de ontem
A paz de anteontem
A paz

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