Estampa de peão fronteiro
Mauro moraesVoa e assombra o bagual,
Vou tenteando no bocal
E deixo o potro sentado
"Afrouxo" o corpo, e entonado
Faço um bichinho com a boca
Por que um susto é coisa "poca"
Pra quem vive enforquilhado.
E se o ventena se arrasta
Batendo firme os "esteio",
Eu saio atando no "reio"
Caixão golpeado pra trás,
É bem assim que se faz
Nos pagos da minha "Santana"
Porque a alma castelhana
Não se entrega assim "no más".
E sempre nos fins de tarde
Um mate novo me espera
E uma flor de primavera
Pra matear junto comigo
Se a lida bruta é um perigo,
Seu beijo doce me acalma
E amanso as coisas da alma
Quando em seus braços me abrigo.
Não é "changa" paisanito
A vida que a gente leva,
Que a sorte arisca, maleva
Venha do jeito que vier
Pois tendo rancho e mulher
Parceira, sempre, pra um mate
O resto é luta, faz parte
Seja como Deus quiser.
Ainda tenho um tordilha
E dois " ovelheiros picassos",
Mais a força do meu braço
E um quatro tentos grongueiro,
O velho estilo campeiro
Na cadência das esporas
E a ciência do campo a fora
Pra "costeá" zebú matreiro.
E se não fosse os cachorros
E a "pata" da minha tordilha
Te juro, muita novilha
Tinha se enfiado no mato
Mas quando atravesso o rastro,
Isto aprendi, muito cedo
Misturo jeito e segredo
E acho uns "toco" pra o meu laço.
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