Retrato gauchesco
Mauro moraesUm taura puxa o piquete pata aberta bem montado
Sombreiro negro tapeado o olhar mirando lejos
Num retrato gauchesco o orgulho do nosso Estado
O crioulo malacara sabe o peso da forquilha
Pelo de ouro que brilha nesta manhã setembrina
Não sei se é lá da Faxina do Carcáveo ou Sarandi
Talvez do Upamaroti mas desta Pátria Sulina
O povo batendo palmas reverencia um campeiro
Fronteiriço brasileiro legenda do pago antigo
Que negaceia o perigo na lida de bois e potros
Sem querer ser mais que os outros que assim conserva os amigos
Pelo garbo e o entono carrega o sangue farrapo
Descendência de índio guapo estampa tradicional
Que traz mundo rural pra o povo mesclando ânsias
O corpo de peão de estância e a alma de um general
O pañuelo maragato esvoaçando no pescoço
E o Gateado que é um colosso troteia se abaralhando
Pala encarnado rimando entre o pelego e o basto
Verso com cheiro de pasto trazido de contrabando
Dá gosto ver um gaúcho e a cada dia me lembro
Noutro vinte de setembro mais entonado que um galo
Hoje a mão que bota o pealo levanta o pano sagrado
Um pavilhão desfraldado e o Rio Grande de a cavalo
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