O rancho
Mauro moraesQue renasce todo dia à sombra de um tarumã
Tem flores no parapeito, paredes alvas caiadas
E um silêncio que por nada se encanta cada manhã
Quem cruza estende os olhos, avista um fio de fumaça
Que ganha o céu de quem passa no rancho antes tapera
Não sabe das frutas boas e das águas da vertente
Não vê amor e não sente que tem alguém e uma espera
Quem mora ali neste rancho é a flor mais linda do pago
E é pra ela que eu trago léguas de campo e outra flor
Meus sonhos meio em pedaços que juntando faço um
E um sentimento comum que escolhi chamar de amor
Quando chego ao fim da tarde o coração vai primeiro
Cruza o campo do potreiro e me espera na cancela
Mato minha sede num abraço, de boas vindas um beijo
E um mate bom com poejo recém cevado por ela
Daí o rancho é uma estrela e a noite fica comprida
E o céu imenso da vida deixa um candeeiro alumiar
Pras sombras de uma saudade estenderem-se por tudo
E o rancho anoitecer mudo, e em silêncios madrugar
Bem aqui neste rincão há um rancho de luz e amor
Que guarda dentro uma flor e sonhos pela metade
Um rancho pleno de vida, de alma feito por mim
Que renasce sempre assim no instante de uma saudade!
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