Bola azul
Maximo mansurMas nada é exatamente como sempre foi
E quem somos nós pra decidir o que é o melhor?
E quem é o melhor pra decidir quem somos nós?
E qual a decisão pra melhorar o nosso ser?
O minúsculo círculo azul no cosmo ainda é a nossa casa,
Mas nunca mais seremos fortes
Se é que fomos
E não me estranhe se eu me tornar delicado
Como um tanque de guerra no deserto
E não confunda misticismo com sagrado
E não misture libertino com liberto
Vou me embeber de música
Endoidecer de música
Emudecer de música até me tornar sustenido ou semifusa
E suar imensos baldes da delicadeza de Amadeus Mozart
Por todos os poros do meu corpo cuja alma não repousa
Pois reunindo as vítimas do Armageddon pra ver a queda fulgurante das estrelas
Eu vejo arcanjos mancos a se lamentar dos hemisférios mutilados do planeta
Os sonhos movem a vida
Ou são braços de operário lento tocando a roda emperrada e imensa do tempo?
Guerreiros mudam os tempos
Ou são lúcidos Neros tensos
Que fiam na louca roca da estória fios de ventos
Serafins povoam minha solidão desgovernada
Mas eu só vejo sombras e fantasmas desembainhando espadas
E a crueza crassa dos bichos humanos sobre um chão de pus
Onde morrem nossos índios e crianças e a fé na cruz
Faz ser absurda a minha complacência, o meu silêncio cruz
O blue da nossa casa quase cinza nunca foi azul
Mas se um ácido celeste dissolvesse-nos no éter
Uma volta ao princípio nos daria um outro fim?
Jeová se escandaliza com nossa burrice e põe, nas mesmas coordenadas, outra bola blue
Com bicho, planta, pedra, água, cor e som e luz
Mas lembrando-se do filho que morreu na cruz
De propósito se esquece de criar adão 2x
Então não sabes homo sapiens, não devias ter deixado aquele charco onde eras jia?