Todo dia nessa rua passa muita gente
Rico, pobre, velho, louco, bicha e japonês
E ninguém sabe o destino do homem do lado
Mesmo quando a gente é o lado do homem da vez

Todo mundo sabe o que quer?
Sabe todo mundo aonde ir?
Sabe todo mundo o que vê?
Ninguém sabe do que o outro ri!

Cada vez que um sapato pisa na calçada
No instante do contato possui esse chão
Quem desvia a rota alheia rouba essa pedra
Ninguém vê cumplicidade nessa multidão?

Tudo aqui é de todos, nada é de alguém
Quem esquece que é junto, compra por que não tem!

Todo mundo nessa praça tem muita vontade
Um turbilhão de indiferenças e muita inquietude
Mas ninguém fala o que pensa ou faz o que deseja
Com receio de que o outro veja e lhe acuse

Todo mundo aqui se olha,
Todo mundo aqui se rende,
Todo mundo assim se cora
E ninguém diz como se sente

Cada um é uma casa sem porta a janela
Lutando sempre só, pra conseguir a sua
Brigando pela posse e protegendo o seu
E se esquece que ali é tudo a mesma rua

E se esquece que aqui é tudo a mesma fome
E se esquece que aqui é tudo o mesmo tempo
E se esquece que aqui é tudo o mesmo credo
E se esquece que aqui é tudo o mesmo medo

E se esquece que de perto é tudo o mesmo sangue
E se esquece que de perto é tudo o mesmo louco
E se esquece que no escuro todo mundo é negro
E se esquece que daqui é tudo o mesmo corpo

E se esquece que no corpo é a mesma vergonha
E se esquece que no corpo é a mesma alegria
E se esquece que no corpo é tudo a mesma cor
E se esquece que se vive a mesma melodia

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