Quem conheceu o nordeste
Nos anos bons de fartura
Vê agora com a seca
Magoas dores desventura
O verão fazendo afronta
E miséria tomando conta
De milhões de criaturas.

São terríveis amarguras
Da nossa gente sofrida
Rios e açudes secos
A plantação destruída
O sol igual à fornalha
E a fome como navalha
Cortando os fios da vida.

A vegetação despida
E as casas abandonadas
Famintos desenganados
De roupas esmolambadas
Em caminhadas cruéis
Queimando a sola dos pés
Na poeira das estradas.

Pobres mães desesperadas
Trabalham sem assistência
Na pá e na picareta
Por sua sobrevivência
De pão só sabem do nome
Dando vertigem de fome
Nas frentes de emergência.

Nos anos ruins de carência
Miséria e desnutrição
Milagre do céu não vem
Nem ninguém estende a mão
Na há soluções diretas
E nem medidas concretas
Que salve ao nosso sertão.

Se vê na televisão
Campanha nordeste urgente
O nordestino agradece
Sua esmola ou presente
Muitas porem foram poucas
Para encher tantas bocas
E alimentar tanta gente.

Agradece a nossa gente
Qualquer contribuição
Mas uma esmola envergonha
A quem anda ver e é são,
Por que pra nós nada muda
E ao níveis de uma ajuda
Nos serve de humilhação.

Ao invés de roupa e pão
Deveriam nos mandar
Semente, irrigação, maquina
E dar terra pra trabalhar
Saúde, casa e escola
Para não pedir esmola
Quem tanto teve pra dar

Nós queremos trabalhar
Plantar, limpar e colher
Ver nossa terra irrigada
No ano que não chover
O justo sistema agrário
Para não ser necessário
Ninguém pedir pra comer

Como é triste se ver
Saques por feira e mercado
O honesto pai de família
Tornar-se ladrão forçado
Depois que ver do alheio
O filho de bucho cheio
Vai chorar envergonhado.

O nordestino coitado
A muito sofrendo vem
Exige todo o direito
Que as regiões ricas têm
Pra que descriminação?
Nesse pedaço de chão
Tem filhos de Deus também

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