Onde quiser estar

Já resisti às secas do sertão,
fui confidente do mandacaru.
Plantei nas terras de nosso senhor.
Desci a serra no Santa Maria
com o vento de guia e o céu protetor.
Não tem saudade, não tem choro,
não tem pena, só um olhar e uma cena
já me bastam pra voar.
Sou beija-flor
dourando o cheiro da açucena,
navego mesmo sem vela,
vou onde quiser estar.

E vou vingando a cada primavera.
Cheguei aqui e venho pra ficar.
Força da gente é vencer fronteiras
e a cada nova era eu vou comungar:

É casa pobre, casa rica e de favela,
morro, beco e pinguela,
livro, terço e patuá
tambor de morro,
a ribalta, na avenida,
aprendendo a cantiga,
vou onde quiser estar.