Nana

Retrato pra iaiá

Nana
Iaiá, se eu peco é na vontade
De ter um amor de verdade.
Pois é que assim, em ti, eu me atirei
E fui te encontrar
Pra ver que eu me enganei.

Depois de ter vivido o óbvio utópico
Te beijar
E de ter brincado sobre a sinceridade
E dizer quase tudo quanto fosse natural
Eu fui praí te ver, te dizer:

Deixa ser.
Como será quando a gente se encontrar ?
No pé, o céu de um parque a nos testemunhar.
Deixa ser como será!
Eu vou sem me preocupar.
E crer pra ver o quanto eu posso adivinhar.

De perto eu não quis ver
Que toda a anunciação era vã.
Fui saber tão longe
Mesmo você viu antes de mim
Que eu te olhando via uma outra mulher.
E agora o que sobrou:
Um filme no close pro fim.

Num retrato-falado eu fichado
Exposto em diagnóstico.
Especialistas analisam e sentenciam:
Não!

Deixa ser como será.
Tudo posto em seu lugar.
Então tentar prever serviu pra eu me enganar.

Deixa ser.
Como será.
Eu já posto em meu lugar
Num continente ao revés,
Em preto e branco, em hotéis.
Numa moldura clara e simples sou aquilo que se vê.

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