Nathalia ferro

Revolução das bruxas

Nathalia ferro
Ninguém sabe da dor da ferida aberta
Debaixo da tua pele
Ninguém pode lutar pelos sonhos que te ardem
Ninguém sabe da vida que você levou
Nem das batalhas que você travou
Pra conquistar
A tua identidade

Ninguém sabe da grade
Que te obstrui o corpo
Nem sabe das lições
Que você aprendeu
Metidas a seco
Do sangue, do ciclo
Do choro, do riso
Do gozo reprimidos
Da tua solidão e medo
Na rua escura

Ninguém vai vingar
O roubo da tua alma
O rasgo no teu sexo
A morte da tua cria
Debaixo do nariz
Dos teus instintos básicos
Os teus feitiços mágicos
Pra curar o mundo

Então, faça-se, erga-se
Lute, mulher!
Porque ser, você já é
E direito ninguém te deu
Foi você quem conquistou!

Quanto tempo mais
Você vai aguentar ser agredida
Quanto tempo mais você vai aguentar?

Quanto tempo mais
Você vai aguentar ser agredida
Pelas pessoas que dizem te amar?

Quanto tempo mais
Você vai aguentar, mulher?

Jardineiro do meu pai
Não me corte meus cabelos
Minha mãe me penteava
Minha madrasta me enterrou
Pelo figo da figueira
Que o passarinho levou

Então, faça-se, erga-se
Lute, mulher!
Porque ser, você já é
E direito ninguém te deu
Foi você quem conquistou!

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