Sede de outubro
Nil maya
É assim, com essa sede de outubro
Que belém bebe Maria
Que belém bebe Maria
Que nem um líquido viscoso
A multidão se espraia pelas ruas da cidade
Em preces, na manhã ensolarada
Escorre devagar por entre túneis verdes
Parecendo de propósito desenhados
Espreme-se em gargalos por entre rios e canais
Contornam prédios e abraçam quarteirões inteiros
Derramam-se em lágrimas
Vistas do alto, lentes curiosas revelam
A extasiada corrente, delirante, que impressiona
Pisa o chão como se pisasse o céu
Súplicas mil, diferentes vozes, sotaques, raças
Culturas, cores e até crenças
Como uma humana babel
Tonteada, vai seguindo a santa baliza
Tomando, por inteiro, seu generoso espaço
E ao ocupar seu insaciável recipiente
Revela o formato e o tamanho da fé
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