Como funciona o brasil
Nivaldo júniorComo processam processos
Como mandam mandatos
Como protestam protestos
Como candidatam candidatos
Como decidem o que fazer quando chega o dinheiro
Como estabelecem a importância, o que vem primeiro
Como protegem o rei e os bispos, no tabuleiro
Como enganam facilmente o povo brasileiro
Eu queria entender como funciona o brasil
Por que é tão difícil arranjar elogio?
Por que transformaram o país num covil?
Por que eles tão cheios e eu tô vazio?
Por que eles trouxeram os negão num navio?
Por que obedeço a polícia civil?
Por que tem criança carregando fuzil?
Por que tanta gente vive por um fio?
Do nada eu paro e penso no momento, na situação
Milhões trabalham duro, quem festeja é o patrão
Patrão? ha.. cê conhece o sujeito
Presidente, deputado, senador ou prefeito
Perfeito... é tudo que eu preciso
Trabalhar a vida inteira, financiando esses liso
Pesquiso... pra ver se todos são assim
Todo mundo, sem exceção, é um pouco malandrin
É sim... até os gringo toma lá dá cá
Mas com o povo brasileiro não tem como comparar
Parar? pra quê? não paro, dou um tempo
Malandragem tudo solta realizando os evento
E o vento? ih... levou meu dinheiro
O que sobrou foi cachaça, televisão e pandeiro
Afinal, é carnaval e eu tô solteiro
O que eu menos quero, agora, é preocupar com o rotineiro
De janeiro a janeiro é a mesma história
Cê dá seu dinheiro e apaga a memória
Esquece de tudo que aconteceu
Mas lembra o que poderia ser seu
Um museu deveria ser inaugurado
Obra superfaturada por metro quadrado
O sol da impunidade e um gado retumbante
Em raios fugidos brilham a todo instante
Andante/mente o cavaleiro segue
Muitos vão de carro, ele vai de jegue
"sossegue, menino... não adianta correr
Um dia, o que é nosso, há de aparecer"
Mas quixote, olha só, o moinho é grande
Esperar sentado é outorgante
Ajamos, então, de agora em diante
Pra que a situação seja menos humilhante
"então levante, menino, e vá lutar
Contra corrupção, contra josé ribamar
Contra tudo e todos que atravanquem seu caminho
Eles passarão, você passarinho"
Qual é, quixote? tô em pé faz tempo
Esperando alguém me apoiar no movimento
Mas muitos estão com medo da guerra
Com medo da ordem: pegue esse idiota e enterra
Enterra/em terra... onde sabiá canta escondido
Cantava na palmeira entretanto ficou perdido
E ferido... ao ver seu ninho ali caído
A serra foi serrando o matagal desconhecido
É sabido... ninguém mais se importa
Contanto que não joguem o lixo na sua porta
Se comporta... não infringe nenhuma lei
Mesmo sabendo que beneficiarão os reis
E os bispos... mais cedo, naquele tabuleiro
Agora tem até rainha, com meu dinheiro
Chegou lá em cima com a ajuda do seu companheiro
Mentindo, como todos, pro povo brasileiro
Meu dinheiro no banco, o banco me rouba
Eles entram com o braço e eu entro com o toba
Coletam sem falta um ponhado por mês
Mas eu não reclamo, sou só o freguês
E o chinês? teve que fechar pastelaria
Não aguentava mais sofrer a xenofobia
Seu namorado foi denunciar homofobia
Que sofria todo dia por causa da hipocrisia
Humana, que prega o amor como bem maior
Bem maior é estupidez desse povo ao meu redor
Faça o que digo, o que digo não faço
Dito regra a todo mundo fazendo estardalhaço
Palhaço... de terno e gravata
"sou superior, sou um magnata"
Na nata... da sociedade nobre
Roubar é crime somente pra pobre
Políticos prometem pelos palanques
A mesma palhaçada política de antes
Saúde, emprego, esporte e educação
Mas quando se elege, desconsideração
Pelas ideias, pelos ideais
Tanta mentira, não me importo mais
Cê acha, né? não vou ficar parado
Não nasci pra magikarp, sou um gyarados
Lutar até a morte, contra essa rede
Não serei só outro tijolo na parede
"conte-me mais, o que você tem feito na vida?
Estudando, trabalhando, ficando na torcida
Pra que um dia o país mude e seja honorável
Pra que sua família inteira esteja saudável'
E a guerra? resolveria problema algum?
Ansiosamente, muitos aguardam o desjejum
Então bora lá, moçada, chame ogum
Si vis pacem, para bellum
Vamo derrubar bispo, cavalo e rei
Com as torres cai rainha, tu sabe, eu sei
Fazer leis... é mais fácil que governar
Muita gente podre no poder, é o que há
E houve... durante muito tempo
Um brinde pros guerreiro, zé povin eu lamento
E tento... imaginar um lugar melhor
Sem imposto, sem dinheiro, sem governo, ó só
Sem indústrias e fábricas, tudo natural
Colhe o que plantar, paz celestial
Desapego total do que é material
População inteira está livre do mal
Sem bispos e rainhas, torres e reis
Todos vencedores no mesmo xadrez
Talvez... seja exagerada utopia
Coexistir feliz, em plena harmonia
Com a natureza, na maresia
Melodia, poesia, folia, que bom seria
Ria... e volte ao trabalho
Abaixe a cabeça e ouça o paspalho
"seu rendimento anda precário,
Não trabalha direito, cortarei do seu salário"
Revolucionário é o que tem que ser
Pra consertar aquela podridão lá no poder
Legislativo, executivo, judiciário
Só tem malandro no mundo porque existe otário
O santuário milionário lendário do erário é necessário
Itinerário correto estelionatário
Biltre, bisbórria, marau, salafrário
Importante empresário subindo lá no plenário
Como de costume... nada acontece
Rabo preso com o rei, pra evitar estresse
Falece... mais um sonho pobre
A procura de deixar a pátria amada um pouco mais nobre
Me cobre, mamãe... que eu sinto frio
Tentando entender como funciona o brasil