A cara do gueto
NzageE tenho a cara do gueto
Podes me encontrar, em cada esquina e em cada beco
Eu sou do gueto
E tenho a cara do gueto
Tenho as cores do meu gueto
Eu sou do gueto
E tenho a cara do gueto
Podes me encontrar, em cada esquina e em cada beco
Eu sou do gueto
E tenho a cara do gueto
Tenho as cores do meu gueto
Falta comida no prato
Falta água potável
Ficamos com a sensação que aquela água é que é saudável
Aprendemos desde cedo, o que é lutar pela vida
Valorizamos cada pão e cada prato de comida
Começamos a andar cedo e sem engatinhar
Pés descalços para jogar, bola de trapo para chutar
Obesos não crescíamos mas qualquer cena consumíamos
Do pirolito a caramelo e os galetes nos comíamos
O lugar onde ser criança é sinónimo de alegria
Apanhamos dos velhos mas vivemos na fantasia
Não há escolhas, há que suportar o sol intenso
Pois a mãe tem de zungar e trazer para casa o sustento
Por saber que não há emprego, vivemos preparados
Para aguentar o pai que chega a casa embriagado
Eu sou do gueto
E tenho a cara do gueto
Podes me encontrar, em cada esquina e em cada beco
Eu sou do gueto
E tenho a cara do gueto
E tenho as cores do meu gueto
Eu sou do gueto
E tenho a cara do gueto
Podes me encontrar, em cada esquina e em cada beco
Eu sou do gueto
E tenho a cara do gueto
Tenho as cores do meu gueto
As nossas maninhas, também aspiram a beyoncé
Já vestem a catorzinha quando ainda só têm onze
E só para impressionar aquele miúdo
Que resolveu ser kudurista e abandonou o estudo
Aqui saem futebolistas e muitos bons artistas
Mas eu sei que também saem maus confusionistas
Não estamos em segurança, estamos sempre em alerta
Recorremos a santidade quando a situação aperta
Nossos filhos, nossos pais, os irmãos e as irmãs
Morrem por falta de dinheiro na porta dos hospitais
A realidade é bastante dura quando se nasce no gueto
Não queiras cruzar com um cup num dos nossos becos
É verdade que as vezes nós viajamos para a lua
Acreditamos nas mentiras e escondemos a verdade crua
E nos contentamos com a miséria que o nosso voto oferece
Mas quando tem a chance de sorrir, a dor, o pobre esquece
Eu sou do gueto
E tenho a cara do gueto
Podes me encontrar, em cada esquina e em cada beco
Eu sou do gueto
E tenho a cara do gueto
Tenho as cores do meu gueto
Eu sou do gueto
E tenho a cara do gueto
Podes me encontrar, em cada esquina e em cada beco
Eu sou do gueto
E tenho a cara do gueto
Tenho as cores do meu gueto
Enfrentamos dificuldades em criar os nossos putos
E quando não o fazemos, tornam-se em humanos brutos
A impaciência não os deixa viver com calma e vão com a pressa
Em aprender da pior maneira que o crime não compensa
O gueto sou eu, o gueto é quem me escuta
É quem tem orgulho de o ser sem inventar desculpa
O taxista, o cobrador o gueto é o passageiro
O gueto esta na fila no autocarro o tempo inteiro
O gueto não tem água, no gueto não tem luz
A cerveja é a companhia daquele gueto que conduz
O gueto é a zungueira e também é o comprador
O gueto é o policia que espanca sem nenhum pudor
O gueto está no kuduro, rap, kizomba e no semba
É quem não jantou ontem e hoje já nem se lembra
Embora o sofrimento não parece chegar ao fim
Podes me tirar do gueto mas ele esta dentro de mim