O cinza

Muralha

O cinza
A muralha que fizeste
De tão forte, descontente
Me contemplaste na matéria

Da cobertura tua
A muralha tu enfeitaste
Enquanto capenguei ao quebrá-la

Tu muralha
Brando forte marfim
Manso belisco
Gargalhas muralha

Me fazendo, assim, vermelha
Me dobrando azul
Me quebrando amarelo
E o gêlo dos metros
Com o poço das horas

Silhueta redonda
Vaidade por afins
E lembranças paradoxas

Curvam a bochecha
Muralha Via lactea
És meu reino dourado
De vontades tão belas
Tais quais pássaros

És tu na gota da gramática
E debaixo dos meus cílios

No espelho quando filtro
No almoço quando janto
E no final quando amanheço
No mal estar e na Paraíba

Em qualquer ponto que exista
És tu muralha maldita

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