Ohuaz

Olhos de marieta

Ohuaz
O galo canta enquanto diz : levanta maria.
Francisco calça a bota enquanto acorda o dia.
Fia vai, pra roça a marmita é a bóia fria que conduzia por mais um dia enquanto o sol rasga os sete céus e mais uma vez nas costas judia sem véus.
Na cuia o arroz junto com o feijão pra fazer o baião de dois.
Descansa na rede um pouco pra estender as roupas logo depois.
Nas águas do açude olhos de marieta brilham ao se banhar.
No campo o aroma da arruma, cidreira, camomila a pairar no ar.
O cheiro da tapioca o gosto do leite com fubá.
Os menino correndo pelos terreiros a brincar.
Simbora menino, simbora menino, simbora pra casa entrar.
Olhos de marieta é o nome da saudade do seu ceará.

Dorme neném se não a cuca vem pegar meu bem.
Papai que foi pra roça e mamãe trabaia também.
O rosto rasgado são rugas dos sopros dos ventos.
Carregando no olhar marieta traz o peso da idade do tempo.

9, 12, 15, 20 irmãos (ou mais).
Migrantes pra são paulo em busca de uma melhor condição (rapaiz).
A discriminação tatuadas em piadas do tipo presta atenção : “nossa pra que tantos filhos? lá vocês não tinham televisão não?”.
A “globalização” é tipo uma filha ingrata, uma assombração.
Olha pra trás cospe no prato que comeu e depois vaza e então
Quando perceber a decadência do tudo é permitido.
Corre chorando pra repousar de volta no colo do regionalismo.

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