Cara e coroa
Ordem naturalQuantas coisas pareceram más, mas de foram boas
Como andar na proa só me fez pensar
Na mulata ensaboar, no meu lar, no luar
Vitrola a tocar enquanto a vida voa
Como é difícil olhar pra cima, mais de cima pra baixo
A silhueta da minha musa no meu sonho
Se confunde com a do baixo que é semi acústico
Ah! esse meu jeito rústico
Falar o que eu acho
Não ser neutro, gera atrito
De outro jeito me limita ao esculacho
A explosão dos magmas
Machos e fêmeas enxugarão suas lágrimas
Lados, moedas, estradas, estreitas
Formas, fôrmas, mágoas à espreita
Águas não tão mornas
As forças mudaram as normas
Sai do meio dos escombros com elegância e não por moda
Se tá certo numa treta, um só dedo não arreda
Rola aos fundos do barranco, quadrado como rodas
Palavras não traduzem o sentimento, mas na vida é foda
E por mais que se almeje
E por mais que planeje
E por mais que deseje
Hoje passa, passou
Isso é só o que restou
Ainda aqui estou e o amanhã é agora
Senta na tora não 'guenta chora
Enquanto alguém diz não, ao perdão alguém implora
Num reza, ora
Muitos se achando deus, um deus de pó sai fora
A solidão é mais que ficar só, ir embora
Seja ficar só comigo
Sem peito, abrigo
Crime e castigo
Rico ou mendigo?
Nem ligo
Sabe o maior buraco do mundo?
Como acreditar no que não dá pra ver
Nem se pode tocar, mas que preciso ver
Não preciso enxergar, mas que preciso crer
É preciso estar, você vai precisar de mais que patuá
Mais do que atuar
Pra se achar e alcançar um patamar diferente
O inferno é aqui e tá cheio de gente
Mas tampouco seres humanos
Cê entende o que eu digo ou só os meus manos?
Foram-se anos a beira da colina
Jamais sozinho: abraçado à minha sina
Sua sina, suaçuna
Em meio a solidão, Davi, numa faxina em sigo mesmo
Segue o seco, só pra loucos
Não aguento mais medir palavras
Mas palavra dita, pedra jogada
Se imagine numa estrada encantada
Você sozinho e mais nada
Me diz depois quem é que lava
Sólido, o paradoxo
Sólidos, óxidos e monóxidos de carbono
As ideias 'tão em chama e hoje eu tô sem sono
Me entrego, trago as pratas
Pra alimentar insônia, nas preces entrego ao papi
E manda em minha insônia
Namaria, cuca, ana ca e teteu
Embrulho pra presente pra entregar pra deus
Você com os seus, eu com os meus
Juntos são os nossos
O que seremos de nós depois dos vossos?
Cavem seus poços, tirem sua própria água
Lavem seus corações e levem a mágoa
Lá no fundo, sei que não posso mudar o mundo
Mas posso acompanhar a natureza
Que está sempre em mudança
Deus de herança, esperança, valores
Tremores, dores no peito e cobranças
Um par de alianças
Dias de crianças, vivências, essências, cores, ânsias
O importante é que o amor
E o pensamento superem as distâncias
Galáxias, tantos pensamentos quanto estrelas no universo
Brilham ao relento iluminando cada verso
Disperso, desperto
Sozinho disserto
Ninguém do meu lado, mas vários por perto
Não quero preza, isso me lesa
Me solto do mundo e me prendo à reza
Que fique o que for de césar
Na pesagem dos atos ou aceitar dos fatos
Seja você quem seja
Onde quer que esteja
Cuidando daqueles que 'tão na peleja
E dos que não
Ora, ora veja a força por baixo do chão
Nas raízes
Pra quebrarem todo concreto
E nossos frutos serem diretrizes pros irmãos nas marquises
Forças às meretrizes
Santas, ancas sobre as mantas
Muito mais felizes
Muito mais que grão
Café no pilão
A força dos meus braços
Renove seus abraços
O amor dos vossos passos
Pra que se faça o pão
Ah! nada foi em vão e nem será
Do alto da colina o que virá