Acendo um cigarro
Orificio dos deusesO beijo, amigo, é a véspera do escarro
A mão que afaga, é a mesma que apedreja
Acendo um cigarro
Pelas bocas de cem quilômetros
Sorriso couve entre dentes
Acendo um cigarro
Pela gravata da morte
precipitada no pescoço jovem
Toma uma fósforo, acende um cigarro
O beijo, amigo, é a véspera do escarro
A mão que afaga, é a mesma que apedreja
Acendo um cigarro
Pelo obsceno atrás da porta
Vedada no humor-disciplina
Acendo um cigarro
Sobre a solidão degenerada
Sábios acenando abismos
Toma uma fósforo, acende um cigarro
O beijo, amigo, é a véspera do escarro
A mão que afaga, é a mesma que apedreja
Acendo um cigarro
Após a meia-noite
Suspirando alívios sem sol
Acendo um cigarro
Para o trovador inquieto
Na aurora do silêncio
Toma uma fósforo, acende um cigarro
O beijo, amigo, é a véspera do escarro
A mão que afaga, é a mesma que apedreja
Acendo um cigarro
Para egos de fumaça
Dissipados na noite dos cinquenta
Acendo um cigarro
Para a felicidade falecida
Sob tumores de garganta
Toma uma fósforo, acende um cigarro
O beijo, amigo, é a véspera do escarro
A mão que afaga, é a mesma que apedreja