Selvagem por excelência

Bem no meio do sertão eu nasci numa noite escura
Um velho leão urrando, parecia uma loucura
Fecharam as porta' do rancho e ficaram ali tremendo
A parteira disse, ele sentiu, o macho está nascendo
Uma noite fria de inverno, também comecei berrar
O leão se mandou porque ele cansou de me arremedar
Fui crescendo tipo bicho, vivendo em meio o sertão
Eu gostava de abrir o peito pra provocar o leão

Quando eu abria o peito ele gostava de ouvir
Se aproximava do rancho para poder conferir
Rondando a volta do rancho ficava me retoçando
De maneira que ele urrava parecia desafiando
Me criei ali pescando, caçando e juntei pinhão
Sempre seguia o meu rastro como se fosse um cão
Na trajetória de volta vinha sempre urrando baixo
Pra ver se eu desafiava pra uma peleia de macho

Seguia sempre o meu rastro por todo o lugar que eu ia
Quando eu entrava no rancho urrava forte e sumia
Sempre que abria o peito ele já vinha correndo
Prestando bem atenção no que estava acontecendo
Pra prosseguir meu destino abandonei meu sertão
Quando fui embora deixei meu rancho e o velho leão
Tapera do rancho, dizem que ficou mal-assombrada
Leão velho sempre urrando, mas ninguém avista nada