Quando se sobe num varejão de mangueira
Chocam-se as aspas, vai soando um escarcéu
O gado todo se esbarra bem espremido
Buscam saída e todos olhando pro céu

E quando quebra a quietude do horizonte
Escuto o grito de reponte do seu chico
E o gado todo afunilado nesse brete
Pelo seu flete garboso peito de angico

Grita um peão em chamamento, pede boca
Com a voz rouca de quem vai se afogar
Salta um brasino sem raça e gira o laço
Que se esvoaça num tiro e paira no ar

Troca de ponta o brasino, muda de rumo
O corpo em aprumo que é por ser bom laçador
Corre o gancheiro que por ser mui tarimbeiro
Só lhe faltou os estudos pra ser doutor

E assim levam a vida os peões de fazenda
Dizem ser lenda nosso povo da cidade
Que sem maldade eles não conhecem mais
Onde nasceram os seus pais e a humanidade

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