O poeta cantador
Os vilarimE enquanto a vida me quer
Em cima da terra e embaixo do céu
Fazendo uma serra caber no papel
Cantando o que eu puxo da inspiração
Enchendo o meu bucho de acorde e canção
Trancando as palavras nos currais da rima
Tornando-as escravas tão livres tão finas
Colhendo os meus versos com mãos de poeta
Correndo na reta de um bom cantador...
Cantarei meu canto no canto que entoa
Serei o encanto da imaginação
Terei nos baiões nas cantigas e loas
Os sons e a proa da minha canção
Do Rei do Baião cantarei o ensino
De um vão Virgulino serei Lampião
Moldado no barro de umRei Vitalino
Cantarei o hino e a voz do sertão...
Das belas cantigas serei compromisso
Pois meu Padim Ciço me dá proteção
Serei o conselho de um bom Conselheiro
Serei mensageiro de Frei Damião
Terei meu Nordeste plantado no peito
Regado com um eito de pura emoção
Serei como a dor de um irmão sertanejo
Que ganha o sobejo de um taco de pão...
Serei a saudade de um filho que parte
Serei o aparte da briga de irmãos
Serei a cantiga do brilho da arte
A espiga de milho do teu São João
Serei o encontro da noite com o dia
O céu dos amantes, a lua do amor
O canto que antes se fez poesia
Na voz incessante de um cantador...
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