Os nada
Pablo contijoQue ninguém vai olhar
Pode falar que não quer
Eu ninguém vai olhar
Pode morar e dormir
Que ninguém vai pisar
Apodrecer e sumir
Que ninguém vai notar
Pega do chão pra comer
Que ninguém vai notar
Quebra no chão, de tremer
Que ninguém vai cobrir
Morre no chão sem comer
Que ninguém ouvir
Acorda aborta
A noite
Teimosa
Tem prosa
Tem pedra
Tem faca
Tem rio
Tem sampa
Brasil
Tem moça
Sem roupa
Criança
No fio
A casa dos nada está aberta
Entra quem sofre
Sai que morrer
Entra quem compra
Sai quem vender
Entra quem cai
Sai quem correr
Entra quem nasce
Sai quem viver
A vala dos nada está aberta
Entra quem paga
E quem não pagou
Entra quem compra
E quem não comprou
Entra quem fuma
E quem não comeu
Entra quem bate
E quem não bateu
Enrola, encosta
O dia
Temia
Tem briga
Tem via
E moça da cria
E mosca que chia
Tem carro no jeito
Catarro no peito
Aplaude, acena
A tarde
Tem arte
Alarme
Pingente
Tem moça
Sem dente
Tem vida
Pungente
Esgoto corrente
Tapete de gente