O bastardo eliseu
Pacata cruzetaVindo de uma tradicional hipócrita família
Cansou da vida pura de um espírito sem falha
E não queria mais viver em São Gabriel da Palha
A família não entendeu quando embarcou pra capital
Mas Eliseu queria ver o mundo além do cafezal
Já eram dez da noite desembarcou como previa
Pegou um maço de cigarros que comprou logo na esquina
O pecado que sempre disseram pra se afastar
Hoje é só o começo ainda tem muito pra rolar
Ele parou em um bar da beira-mar
Já se encantou com as pessoas de lá
A pura neve não deixou de experimentar
E por fim passou a noite com a dona do bar
Depois de algum tempo Eliseu entristeceu
Soube que se velho pai há dois meses faleceu
Não estava lá pra ver, não estava pra chorar
Eliseu queria agora de uma forma retornar
Mas o dinheiro foi-se embora junto com o conhaque
Eliseu queria algo para que o encorajasse
Então tomou coragem não havia medo algum
Seguiu a pé por quatro horas pela ES-261
Um dia tranqüilo, só uma garoa fina
Uma carona em uma Pampa lhe rendeu à Colatina
Mas comeu o pão que o diabo amassou
O dia foi e ainda não se alimentou
E não dormiu porque tamanha era a dor
Por ter virado suas costas para todos e os abandonou
No dia seguinte uma luz se acendeu
Um caminhoneiro com sua história se comoveu
Resolveu levar o pobre moço até o seu destino
Eliseu viu esperança já estava até sorrindo
Pensava em todo instante na família que não via
E que com o seu regresso voltaria a alegria
Chegou em sua cidade, o coração já palpitava
Corria pelas ruas como criança encantada
Lembrou seu endereço, encontrou o antigo lar
Uma senhora na varanda não parava de olhar
Eliseu gritou bem forte mais sua mãe não respondia
Tentava entender a frieza que ele via
Depois de muito esforço ela começou a falar:
Seu pai se foi por sua causa de tanto trabalhar
Sozinho naquele cafezal!
Ela falou e Eliseu ficou calado
Gritou pra todos que ele era um bastardo
Mandou voltar pro seu castelo de pecado
E nesse dia para todos Eliseu como seu pai estava enterrado