Elegia de paralítico ou o mundo em duas rodas
PalafitaA vida já vai passando por mim
E não há nada a fazer
Terei que viver assim
Terei que viver assim
A indesejada da gente em mim transborda
Um mundo roda
E eu vou dando as minhas voltas
Aqui na minha cadeira de rodas
Que não me solta
Não me solta
Eu que só queria correr
Escrever um dia a minha revolta
Poder fazer um gol jogando bola
Poder ir sozinho à escola
Refrão
Mas não posso ir
Não posso ir "possuir"
Forças da tragédia abatem-se sobre mim
Mas eu devo resistir, devo resistir
Oh! eu peço que se calem
Oh! eu peço que não me amem
Que não falem
Que não me chamem
Refrão
Porque não posso ir
Não posso ir "possuir"
Forças da tragédia abatem-se sobre mim
Mas eu devo resistir, devo resistir
Não espere por mim que eu não sou seu
Pois é terrível
É mais forte do que eu
Não é possível
Este invencível dever que é o meu
Mim é totalmente impossível
Eu continuo taciturno
Eu permaneço abetumado
Eu não sabia que ia ser afetado
Mas a vida tem os seus mistérios
Mesmo quando eu não levo o mundo a sério
Vivo na tensão da expectativa do milagre
Por isso peço que tenham paciência
Que não me chamem agora
Pois eu sei que há uma longínqua claridade de uma aurora
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