Como a lua que sempre me olha
Com o mesmo lado
Oculta de mim sua face escura
Como esfinge que sempre me olha
Interrogativa
Decifra-me ou te devoro

Eu sei
Que algo há de existir
Mas eu só tenho a dúvida
Não sei
Se isso é bom pra mim
Mas eu te quero
Límpida, cálida, próxima, minha

Como os olhos que sempre se cruzam
Com o mesmo desejo
E não enxergam o outro lado
Como a chuva que sempre desaba
Em terreno infértil
E não sabe se algo ali há de germinar

Você tem o prazer da dúvida
Me tem em suas mãos
Mas disfarça assim, tão cínica
Tira o meu chão

Eu sei
Que algo há de existir
Mas eu só tenho a dúvida
Não sei
Se isso é bom pra mim
Mas eu te quero
Límpida, cálida, próxima, minha

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