Saudades dos meus botequins
Paulinho do cavaco
Letreiro em neon, visual requintado
Gerente enrustido, garçom afetado
Carta de vinho no couro dourado
Camarão com sotaque, tofu defumado
É point da moda, não sai dos jornais
Cheio de frescuras e artistas globais
Toilet exalando perfume, florais
Pitboys patricinhas falando demais
Em boteco de grife eu não piso jamais
Gerente enrustido, garçom afetado
Carta de vinho no couro dourado
Camarão com sotaque, tofu defumado
É point da moda, não sai dos jornais
Cheio de frescuras e artistas globais
Toilet exalando perfume, florais
Pitboys patricinhas falando demais
Em boteco de grife eu não piso jamais
Eu sinto saudade dos meus botequins
Salão e cozinha pra lá de chinfrim
Feijão mocotó fervendo na panela
E um gato dormindo em cima da janela
Pastel, empadinha, jiló na terrina
Banheiro com cheiro de naftalina
O porre, a paquera, a conversa fiada
E a dor de corno que virou piada
Nos meus botequins a vida era engraçada
Eu sinto saudade dos meus botequins
A conta assinada num velho papel
Cardápio na porta escrito a giz
Azulejo pintado com anjo no céu
O samba na mesa de mármore antigo
O ovo colorido enfeitando o balcão
A cerveja gelada tirando o juízo
E os sonhos cobrindo a serragem no chão
E no alto o São Jorge matando o dragão
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