Soneto que não queria existir
Paulo akenatonPrometido, contorno não cumprido,
Amor ido, dolorido, em pedaços
Um esperar convertido em transtorno
Não há fé nessa espera nem conforto
Torto, olho, de canto, o horizonte:
Onde se esconde esse amor embriagante,
Que se vai e me deixa como um morto?
No poente, desesperado e sozinho,
Metrifico a agonia, sem ti, sem vinho,
Desisto, rasgo esta doida fantasia
E sigo, agora sei: Já não és minha
Outras tardes morrem como outras noites,
E o retorno, aquele, o prometido,
Ainda não cumprido, são estas foices
Que a meu corpo retalham, indevido
Esta terna dor não cabe em meu poema,
Teorema difícil, não entendido,
Desespero de amar enlouquecido,
E saber-se sempre num só dilema:
Amar-te e sofrer um desamparo ou,
Sem ti, seguir uma vida que acabou?
Como? Por que algo tão intenso termina?
A mim, restaram, amor, estas rimas,
Mas não sou eu o condenado por te amar,
E sim tu a quem o amor não contamina
E saio da tua rota... Pássaro louco
Ah! Não sei de ti. Onde caminhas?
Desisto, rasgo esta doida fantasia
E sigo, agora sei: Já não és minha