Nana nenem
Paulo evansSono vai bater
Mamãe já apanhou, sem saber porque
Nana que o céu
Não sabe esconder
Que é tempo ruim
Que a chuva já vem
Nana não chora
Não é hora, não chora
Eu sei que a fome, não pede, implora
Já passa da hora, não tem mais esmola
Ninguém aqui fora
Não grita, não chora
Ouço ruídos
Sirenes, gemidos
É tarde, são gritos
Do povo esquecido
Mas não tem perigo
Estou com você
Não tenho mais medo
E nem sei porquê
A chuva chegou
O céu vai cair
Dorme meu filho, não dá pra fugir
Tem muito jornal
Pra nos aquecer
Fique quietinho
Pro dia nascer
Vai mudar o tempo
A sorte também
Alma bondosa
Um dia aqui vem
Mas nunca sorria
Milagre não tem
Tem que ser forte
E mamãe também
Amanhã quem sabe
Alguém com bondade
Te leva pra longe
Pra outra cidade
Te faz como um filho
Dá vida de gente
Lá longe dos olhos
Coração não sente
Mas nunca se esqueça
Nunca apareça
Não quero que veja
A miséria onde eu vivo
Só vivo porque
Ainda tenho você
Mas tenho que achar
Alguém pra te dar
Eu olho, procuro
Não vejo ninguém
Então dorme filhinho
Nana neném