Pia

500 anos (aqui são outros 500)

Pia
Chega de tanta exploração
Eu não posso ficar quieto
É chacina, miséria,
O nosso povo sem teto
Guerra pela terra, conflitos com a polícia,
Assassinatos encobertos, mentiras na notícia
Crianças pela rua,
No crack e na cola
Longe da escola
Implorando por esmola
E nessa hora
Como eu posso achar tudo legal?
Se o momento é muito mal
Desigualdade social é geral
Capitalismo, imperialismo, neoliberalismo
Tudo isso apoiado no racismo
Negros e mulheres são os mais atingidos
E já são 500 anos que somos oprimidos
O Brasil foi invadido
Os índios foram assassinados
Negros foram escravizados
Os europeus foram culpados
E os safados ainda cobram uma dívida
Que já pagamos com a vida

(Yea!
500 anos!
Yea!
500 anos!)

E a história se repete, se funde, confunde,
Geração em geração
Salário digno de escravo,
A mesma exploração, manipulação
500 anos de opressão
Das senzalas pra favela
Miséria, prisão
O que fizeram com a nação?
O povo sem memória
Forjaram nossa história
E o que vejo agora
Não é motivo de glória
Nem orgulho nem exaltação, não
Mas na televisão
O mesmo povo sofrido, oprimido
Na telinha sorrindo afim de festejar
500 anos de opressão
Retrospectiva não é positiva
Contagem regressiva, mente ativa
Minha raiva contida, agressiva
Não vamos desistir
É preciso refletir
Parar nem pensar,
Não vamos desistir, desistir!

(Yea!
500 anos!
Yea!
500 anos!)

Viver ou morrer
Vivo nessa neurose aí
Sem ninguém, Brasil ninguém me viu
500 anos de Brasil
Isso é tudo que restou pra mim
Por ser de rua e não ter emprego
Vários aqui anteciparam seu fim sentando o dedo
Por um relógio, por um cordão
Se reagir jogo pro chão
É a lei do mundão
Garantia do pão
Essa é a única profissão
Ei hey Joe liga, yea!
Meu revólver é o que me mantém em pé
Deus existe, é, e eu tenho fé
E ele sabe qual que é
Oh Fé, Fé
Eu tenho em quem merece
Faço minhas preces
Esse é meu único motivo de sonhar, lira
No crime me largo
Nas drogas me estrago
É a lei do cão
Chega de click,
Maldade é um estado e pá
Meio milênio de neurose e ilusão
Pivetti, cria do sistema
A dois mil graus sangue bom
A dois mil graus
Sangue bom...

(Yea!
500 anos!
Yea!
500 anos!)

Meio milênio se passou, nada mudou
O que era ruim piorou
Na maioria revolta criou
Com desemprego, miséria, morte, ódio e dor
Playboy com chip no rabo, de computador
Cadeia lotada, dignidade tirada
Quem tem curso superior rouba e não pega nada
História de egoísta, fascista, nazista
Há muito tempo o povo pede por justiça
Sem moradia, sem nenhuma garantia
Sem respeito e sem direito à cidadania
Como se fosse um padrão criado há 500 anos
A maioria em terceiro, quarto, quinto plano
Comemorar o quê? Mal dá pra sobreviver
Se a favela ainda não tem voz no poder
Vai se fuder 500 anos!
Aqui é outros 500, periferia em primeiro plano

Encontrou algum erro na letra? Por favor envie uma correção clicando aqui!