Poppa

Um delato, uma rima

Poppa
Precipitado, assustado, acuado, revoltado
Alucinado, malocado, afastado, lesionado
Descalço uma bola, um chinelo remendado
Um gol, vidro quebrado, apontado delatado

Camisa manga longa, corpo magro a sombra
Os braços não é grande, os moleque tira onda
Carrinho de rolimã, pra descer o calçadão
Arminha de madeira, pra policia e ladrão

Sonhava com boné bordado com o meu nome
Os moleque da minha idade cada um com telefone
Andava de mãos dadas com o capeta sem saber
Deus me deu a luz e me disse o que fazer

Rotina o meu dia parecer como um inferno
Medo de tomar tiro do próprio reflexo
Aprendi com Jesus, fui na igreja ouvi o padre
Tomei vários tapas, mas virei a outra face

Não foi em vão toda a bagunça no meu quarto
Escrevendo rap, papel no chão, microfone do outro lado
Aos 9 de idade, pega? Pega, pique esconde
Brincadeira de criança, pensamento muito longe

Aos 17 já sabia em estar, hoje e aonde
Uma letra, o palco, os grave o microfone
Hoje com 18 mais tarde com 29
A vida nunca para, não é? Não pode

Se presta ontem mesmo descia os pivete
Na rua de hornet, garupa as piriguete
Observando quieto, caminhando a luz da lua
Mão no bolso, ouço rap delatado tênis puma

Soco em muro chapiscado, ódio tá aqui dentro
Perturbado talvez, humilhado, vai vendo
O sucesso, um verso, no palco do show da vida
O suor de uma batalha, um delato, uma rima

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