Jaçanã picadilha
Relatos da invasãoMe acompanhe no pião eu tô de bike na vila, liga
Embaixo, em cima, no dia a dia, na correria
Com a minha família, pra fazer o rap virar
Se é pra citar tem que ligar as quebradas
Do Nova Galvão, Hebron, na Jova, Serra Pelada
É só responsa, tirar uma onda, tá pela ordem
Eu sei que consta e cê tem que saber chegar
Antigamente era Opala e Le Coq
Hoje os moleque quer andar de Golf e de Nike Shox
Baguio tá osso, mas no pescoço, bota no pulso
Mete os ouro e faz as mina pirar
A vaidade onde impera a miséria, o plano mais fundamental pra destruir a favela
É o que implantaram desde a infância, tá nas crianças, agora colhe
Nem vale a pena chorar
Nóis vive aqui em meio as goma humilde
Dos tiozinho trabalhador e os malucão do apetite
Cada cabeça sua sentença
Não sei se volta com a recompensa
Mas quem sou eu pra julgar
De vez em quando as neurose domina
Mas tem hora que eu racho o bico com os louco de esquina, ó
Estilo guerreiro, o tempo inteiro, eu sei que chego eu tenho fome só basta eu acreditar
Cê tá no Jaçanã, tá na picadilha
Onde os vagabundo é firmeza terrorista na rima e trinca
Os doido pira, sai pela firma, periferia
Nóis tá na linha, sempre em primeiro lugar
Cê tá no Jaçanã, tá na picadilha
Onde o soldado quer a glória pra fazer autoestima, liga
Curtir a vida, tá bem pra cima, paga pras mina, pros inimigos
Pra fazer o olho brilhar
Se eu colo no Cabuçu depois do Cinga
Eu vou na casa do Fabinho pra mim escutar as antigas
Tipo Ahamede, Isley brothers, basta que eu chore, com samba-rock
Só pra fazer me inspirar
Cotidiano dos moleque na ira
Sempre alguém de viatura, quebrada é invadida
Mó desrespeito, daquele jeito, eles aprenderam, certo é o eleito
Nóis é errado e se pá
Até te conto uma pá de chacina, onde alguém de uniforme tem poder e atira
Alienado, eu tô ligado, tem dos dois lados, jogaram a bomba, pra ver a gente se matar
Deixa no gelo, eu vô ligar outras fitas
Nossos morro é privilegiado pelas mais lindas
Tem as firmezas, as fofoqueiras, as encrenqueiras, que faz os doidos, por elas se atacar
Olhe os espelhos e observe as vadias
Que dá milho pros irmãos que sem saber talarica, ó
O outro brisa, tipo convida, pega suas armas, vai ter intrigas
Alguém vai ter lágrimas
Tem que ser ligeiro, frio e calculista
Registrar qualquer momento de atitude esquisita
Eu creio em Deus, já é o bastante
A todo instante, é o meu semblante, o que me faz caminhar
Cê tá na Jaçanã, tá na picadilha, onde se pá alguém de Blazer te encara e conspira
Já tá mira, os doidos revida, se pá te marca, sai de visita
Pra não poder me forjar
Cê tá no Jaçanã, tá na picadilha, onde é só olhar pro seu lado e perceber as maravilhas
No rebolado, pique suingado, que é embaçado, veja o gingado
Quem vem pra lá, vai pra cá
Fica chato se não citar a quadrilha, Resgate Negro, Última Chance, Garotos de Periferia
Raciocínio das Ruas, real que é pura, ninguém se esconde, aqui tem homem
Pra realidade enfrentar
O sofredor tá acostumado com o clima, dormir na bola de meia sempre pronto pra ativa
Pipoca, nem cola, na nossa banca, os outros espirra
Se for pilantra, nem tá no nosso habitat
Desce o morro já na expectativa, na favela da Mimosa tem uma batucadinha
Os primo, as prima, os tio, as tia, na entradinha
Bobeira fina, faz a pele arrepiar
Eu peço pro poderoso que deu vida, iluminai a nossa pista e me mostre a saída
E pro meu povo, que não é bobo, os véio e os novos
Já tão no jogo, sempre pronto pra lutar
Cê tá no Jaçanã, tá na picadilha, não se ilude no começo que no fim é outras fitas
Prédio e casinha, os barracos e as vila, uma pá de louco, zóio estalado, na sem saída do bar
Cê tá no Jaçanã, tá na picadilha, onde se é pra destacar acho que eu já fiz a minha
Tipo beirada, essa é a saga, siga a placa, nóis é favela, pro nosso tipo habitat.