O imigrante
Roberto lealUma mãe que afaga o peito
Seu filho que vai partir
Pra longe vai o imigrante,
Pra outra terra distante,
Outro caminho a seguir.
Mal ele sobe ao navio
Ao coração dá-lhe o frio
Das saudades que já tem
E olhando o lenço branco
Que se agita vem-lhe o pranto
E acena para ninguém
Nunca mais, nunca mais,
Sua terra há de voltar...
Nunca mais, nunca mais,
Sua terra há de voltar...
A pouco tempo chegaram,
Mas mil anos se passaram
Dentro do seu coração.
E aos poucos o desgosto,
Deixou mazelas no rosto
E calos na sua mão.
Mas manda cartas aos seus,
Dizendo graças a deus
Pelo destino que tem!
Feliz a mãe a recebe,
Jamais nas linhas percebe
Que sofre como ninguém!
Nunca mais, nunca mais,
Sua terra há de voltar...
Nunca mais, nunca mais,
Sua terra há de voltar...
E depois de alguns anos,
De esperanças e de desenganos,
Pela fé foi que venceu.
E foi com tanta alegria,
Que ele viu chegar o dia,
De poder rever os seus...
Mas olha que hoje há festa na aldeia,
A noite faz-se uma ceia,
Pra alguém que vai chegar...
Tanto tempo tão distante,
Vem de volta o imigrante,
Com o coração a cantar
Nunca mais, nunca mais,
Sua terra há de deixar...
Nunca mais, nunca mais,
Sua terra há de deixar...
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