Estrada longa
Roberto luçardo
Estrada longa me acenou quando eu nasci
Nem bem guri eu já montava um baiozito
Saber de rumos sempre foi o meu ofício
E por municio o chimarrão, mesmo solito
Nem bem guri eu já montava um baiozito
Saber de rumos sempre foi o meu ofício
E por municio o chimarrão, mesmo solito
Estrada longa, que mistérios me dizia?
Lombo de pedras e poeira no horizonte
Quanta vontade de ficar no meu rincão
E, ao mesmo tempo, de varar a mesma ponte
Estrada longa, de olhos turvos e matreiros
Que tudo sabe, o que há na frente e o que me espera
Talvez não queira me contar porque tem medo
De ver mais um na solidão noutra tapera
De manhãzita eu já me avisto campereando
Recolutando alguma rês extraviada
O campo verde me aprisiona e me liberta
E até me esqueço que sou lindeiro da estrada
Erguendo frutos, no cercado junto a casa
Mantendo a brasa pro churrasco da picanha
Quem me garante que partindo eu tenho o mesmo?
E a estrada longa permanece a mesma estranha
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