Rodrigo amarante

O não-pedido de casamento

Rodrigo amarante
Meu bem, por Deus, tenho um pedido
Não apontemos pro cupido
Sua própria flecha
Tantos amantes se arriscaram
Com seu gozo eles pagaram
Tal sacrilégio

Uma aliança em cada mão
A jurar ordem de prisão
Em domicílio
Pro inferno, amélias secas amas
Que deixam frias suas camas
Pra pilar milho

Eu tenho a honra de não te pedir a mão
Pra quê firmar no pergaminho essa união?

Vênus presa perde o viço
E com o choriço frita o juízo
Cai na comida
Por nada neste mundo eu vou
Despetalar sobre o escargot
A margarida

Cai o véu, com ele o encanto
O segredo da sereia, o canto
De melusine
O batom nas cartas perde a cor
Entre uma e outra página do
Nouvelle cuisine

Eu tenho a honra de não te pedir a mão
Pra quê firmar no pergaminho essa união?
Eu tenho a honra de não te pedir a mão
Pra quê firmar no pergaminho essa união?

É muito fácil a gente pensa
Largar no fundo da despensa
Numa conserva
O belo fruto proibido
Perdeu o gosto, foi cozido
Não se preserva

De uma empregada eu não preciso
Tratado a pão de ló, aviso
Não quero nunca ser
Como uma noiva eterna intento
A dona dos meus pensamentos
Eu sempre ver

Eu tenho a honra de não te pedir a mão
Pra quê firmar no pergaminho essa união?
Eu tenho a honra de não te pedir a mão
Pra quê firmar no pergaminho essa união?
Eu tenho a honra de não te pedir a mão
Pra quê firmar no pergaminho essa união?

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