Peão da cidade
Rodrigo e conradoFoi num circo de rodeio
Na chegada dos peões
Que vieram pro torneio
Soltaram tanto foguete
Que fizeram um bombardeio
Na hora da montaria
Que o negócio ficou feio
Soltaram um burro famoso
Que nem sei de onde veio
Era só sentar no lombo
Cada pulo era um tombo
Ninguém esquentou o arreio
Surgiu um moço granfino
Do meio da multidão
Pelo traje eu que era
Um homem de posição
Cabelos bem penteados
E roupa de exportação
As unhas todas esmaltadas
E anel de ouro na mão
Pra montar naquele burro
Foi pedindo permissão
Pode ser que eu também caia
Mas pretendo dar trabalho
Pra fama desse burrão
Os "peão" que beijou a terra
Falaram com precisão
Os granfinos da cidade
Quando "quer" bancar o peão
Não "pára" nem amarrado
No lombo de um pagão
Se esse granfino montar
Pode preparar o caixão
O burro tirou do lombo
Barbado da profissão
Não foi um e nem foi dois
Vamos ver o pó de arroz
Bater a cara no chão
O granfino entrou na arena
Calçou a espora de prata
Jogou o paletó na cerca
E apertou bem a reata
Sentou no lombo do burro
Bambeou o nó da gravata
Cortou o burro na espora
E foi batendo de chibata
O burrão caiu de costas
Levantou as quatro patas
O moço saltou de lado
E o burro ficou deitado
Entregue para as baratas
Ganhou aplausos do povo
Ganhou beijo das meninas
O granfino contou a vida
Bebendo numa cantina
Eu já fui peão de fama
Lá no Estado de Minas
O dinheiro do papai
Que mudou a minha sina
Eu tenho na minha casa
Diploma de medicina
Tô morando na cidade
Mas sinto grande saudade
Que até hoje me domina
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