Rubatosis

Boa noite, cinderela

Rubatosis
Eu posso ver a opacidade daquele olhar nos que passam
Na esquina, no banco, na feira, na praça
Todos os atos realçam

As mãos que me invadem e a boca que arfa
Neurônios derretem nas falas confortáveis
Das desculpas inviáveis

Eu estava na hora errada
Andava no lugar errado
Eu e minha saia rodada
Sim, ele foi provocado

Ó, homem coitado!
Mal segura o que tem nas calças
Dane-se o corpo violado
Ao menos foi amassado
Vadia, vagabunda!
Seu depoimento não tem nexo
Todos já sabemos que ela
É feita e somente para o sexo

Ou o jeito como fora tratado
Ou os segundos de desespero
Perpetuados numa vida de medo
A selvageria do ato consumado

Justificada pela falta do tecido
Daquele meu vestido 'desarrumado'
Do meu decote exagerado

Ó, homem coitado!
Mal segura o que tem nas calças
Dane-se o corpo violado
Ao menos foi amassado
Vadia, vagabunda!
O seu depoimento não tem nexo
Todos já sabemos que ela
É feita e somente para o sexo

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