Vida engarrafada
Sergio taboadaE todo dia ele vê gente, gente, gente, gente
Procura a felicidade
Em qual fila isso vende, vende, vende, vende?
Anda no seu carro novo
Financiado e alienado
Mas logo na primeira rua
O trânsito fica parado
Veloz que nem tartaruga
Ele vive engarrafado
Na avenida há fumaça
No cruzamento gente abandonada
Mora na cidade grande...
Tenta outra solução
Mas o metrô está sempre lotado
Passa o dia "emparedado"
Pensa que ainda vai morrer sentado
Não sente o vento e nem a chuva
Só poluição e ar condicionado
Dizem que é uma pessoa livre
Mas sem direito a banho de sol
Mora na cidade grande
E todo dia ele vê gente, gente, gente, gente...
E lá no seu trabalho
Onde cumpre fielmente o horário
Tem chefe inteligente, boa gente
Mas também tem chefe que é demente
Surtado, louco, incoerente
Que adora "pisar" em gente
Esquecem que além da profissão
No seu peito bate sempre um coração
Mora na cidade grande...
E quando chega em casa
Querendo descansar
O telefone toca pra avisar
Que o cartão ele tem que pagar
O banco bonzinho pra emprestar
Fica malvado quando é pra cobrar
Não quer saber, logo ameaça
Que vai sujar o seu nome na praça
Mora na cidade grande
E todo dia ele vê gente, gente, gente, gente...
E se liga a televisão
Parece até um flime de ação
Tiros no morro, assaltos, caveirão
Motoqueiros caídos no chão
Efeito estufa e alagação
Carros batidos, quanta emoção!
Meu Deus é muita confusão
Isso que chamam civilização!