Pisando em praça de guerra
Sibadata de meu nascimento
soprou naquele momento
no mundo um vento maneiro
eu nu, pequeno e roçeiro
chorando de sede e fome
papai me botou um nome
mamãe me abraçou primeiro
um doutor falou ligeiro
depois que eu tinha chorado
esse nasceu tarimbado
pra ser mestre cirandeiro
um doutor falou ligeiro
depois que eu tinha chorado
esse nasceu tarimbado
pra ser mestre cirandeiro
cantando eu trago o trator
o ferro a pedra a madeira
o guindaste a bitradeira
o prego o martelo a lima
quem de mim se aproxima
ver mil homens trabalhando
sangue suor derramando
pra construir com estima
um edifício de rima
todo de concreto armado
pra eu subir e ficar sentado
olhando o mundo de cima
um edifício de rima
todo de concreto armado
pra eu subir e ficar sentado
olhando o mundo de cima
com armas de ferro e aço
escutando e vendo tudo
meu batalhão carrancudo
invade os costais da serra
ouvindo o canhão que berra
botando a cara em trincheira
metendo os pés na ladeira
aonde a mina se enterra
pisei na praça de guerra
estou no campo de batalha
e a minha boca metralha
balas de rima na terra
pisei na praça de guerra
estou no campo de batalha
e a minha boca metralha
balas de rima na terra
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