Meu punhal

A noite é um filme rolando no meu projetor
Imagens paradas, perdidas, quase sem valor

Meninas de escola são fáceis, mas não têm sabor
Beijam, abraçam, depois retocam o batom
Eu gosto de vê-las sumindo no retrovisor
Porque não sinto prazer, nem dor

Estou sozinho com meu mal
O tédio passa a ser fatal
Estou sozinho com meu mal
Minha vida na ponta de um punhal

A noite é um resto do dia que já terminou
Um filme velado, esquecido, que o tempo apagou

Compro revistas, e as fotos olham para mim
Sinto um instinto pedindo que eu apresse o fim
Sinto a pressão no limite do carburador
Porque não sinto prazer, nem dor

Estou sozinho com meu mal
O tédio passa a ser fatal
Estou sozinho com meu mal
Minha vida na ponta de um punhal

Já não me importo com mais nada
Um grito solto na madrugada

Já não me importo com nada
Vivo na madrugada

Já não me importo com nada
O motor explode na estrada