Talo pereyra

O homem que se esqueceu de deus

Talo pereyra
Meu medo é o campo que já não floresce
É uma semente que já não germina
É uma vertente de que não se bebe
É o que se atreve a nos passar por cima

Meu medo é o medo do animal aflito
Quando a rapina lhe ameaça a cria
É um entrever de um verso em rima pobre
Comprometendo os rumos da poesia

Meu medo é a mata que foi derrubada
É uma criança que não foi parida
É a primavera que não tem mais sol
É um rio que corre sem levar a vida

Meu medo é o medo da figueira grande
Quando o machado lhe ameaça a queda
É um entrever de um tempo sem poesia
Pras melodias de quem não se entrega

Meu medo é o moço que já não escuta
É o que falece a geração dos meus
Meu medo é o medo dos que já não comem
Meu medo é o homem que esqueceu de Deus

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