Brincos para brincar
Tânia oleiro
Quando eu era pequenina
Pra me enfeitar as orelhas
Minha mãe punha-me às vezes
Quatro cerejas vermelhas
Pra me enfeitar as orelhas
Minha mãe punha-me às vezes
Quatro cerejas vermelhas
E toda tola lembro-me ainda
Que ia p’rá escola vaidosa e linda
Brincos vermelhos a dar que dar
Pedia espelhos pra me mirar
Diziam todos que bem lhe fica
Lembra nos modos menina rica
Via-os revia-os como riqueza
Depois comia-os à sobremesa
Um dia as mais raparigas
Filhas como eu da pobreza
Puseram-me nas orelhas
Dois brinquinhos de princesa
E toda triques faces coradas
Ia aos despiques nas desfolhadas
Vinham meus brincos de algum vergel
Não punham vincos na minha pele
Depois mais tarde vi-te e amei
Deste-me brincos de ouro de lei
Bendito sejas mas na verdade
Vejo cerejas sinto saudade
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