Um barril de rap

Deus é estrangeiro (parte 2)

Um barril de rap
Meu povo marcha em direção a morte
Qual é a safra, quanto custa a Glock
Eu quero ter essa mulher pra mim
Eu quero poder escolher o meu fim

Meu bom, eu to a quase 22 por aqui
No 12 em vão, já vi irmão cair
Mas é a rotina que te suga
Sem fé, eu sei o quanto isso custa

O dia a dia no Brasil é diferente
Aqui tudo é caro, a segurança mente
O preconceito reina, o beco da medo
Hospital sem leito é um terço do problema

O pai uma hora vai fez diferença, me faz falta
Minha mãe é como Deus, ela não ensina, ela exalta
Sou como um passageiro, um pombo que leva as carta
Minha gata é como eu, ela é o corpo, eu sou a alma

Nasci em BH onde o vento faz a curva
Morei em São Paulo, cinza num tom de chuva
Moro mó cerrado, eu to no lugar errado
Eu adoro mar, eu odeio muvuca

Abraço pro Manduca, eu me amarro na Asa Norte
Quando eu me aposentar vou pra lá criar bull dog
Ou qualquer outro hobby, ainda ouvindo Bob
Se pá trombar o Vitu e aquele maldito revolver

Sabe tempo, cê foi cruel comigo porém
Nessa desgraça não é você meu inimigo
Me basta ouvindo o que gasta, fiz amor com minha carcaça
O rap é meu primeiro filho

Menino tecido pelo destino nascido de pais jovens
Criar um filho ainda nem sabem se podem
Minha vó paciência de jovem
Na casa colocando ordem

Na raça, me abraça, evita o desmazelo
Os pais ao Pai dão graça e a vida mais zelo
Cabelo indiozinho, os olhinhos como sempre
Salve pro cabelo, refuses the premps

Always close to my few friends
E é desse jeito que a vida segue em frente/
E a nossa vinda é pra fazer diferente
Dos erros que foram feitos ainda que o caos atente

Seguiremos de pé, com fé, pro que der
E vier com um qual quer
Quem não quer se puder não esqueça
Que as vindas são distintas e a direção a mesma

E o pivete não tem o que comer
No 157 não deixa se perder
Meu povo não se lembra da história
Meu povo tem curta memória

As leis não são são iguais, me diz quanto tu ganha
Os reis não são reais, feliz é quem se engana
É preciso amar pra não desistir
Somente no cantar eu consigo resistir

Verás que eu filho teu não foge a luta
Mas qual é a causa dessa disputa
Deus não é daqui meu chegado perdão
Já que no cerrado o que vinga é traição

E o país vive, na velô da bala perdida
Meu amor resiste, é tudo pela cria
Nós dois contra o mundo, minha tribo tá junto
Aqui ou em Saturno, eu brindo ao futuro

Me acharam esquisito aonde quer que eu fui
O que mais posso posso dizer pra essa gente que não flui
E pro poeta chocar é a tarefa, o rap não é careta
E ele odeia gente que não trepa

Eu poderia te agradar, só que eu to me agradando
Eu gosto mesmo é de cantar por isso to cantando
Gosto do meu flow, gosto da minha letra
E colo com meu brow, no show, com a melhor camiseta

Vim pra ser um marco, um divisor de águas
Bora, sobe no barco vamo voltar pra casa
Se Deus criou a terra ele é um E.T
Não posso prometer, nem prever o final dessa arruaça

Não vi que você deu pití, eu tenho déficit
De atenção você pode repetir
Eu sou um pássaro, você um réptil
Isso é o máximo, você vai precisar de interprete

Eu sou calango e vou pra praia pra aproveitar o máximo
Mas mano eu nunca vi o tempo passar tão rápido
Pleno plano pra viver, assim de um jeito mágico
Desde então cada situação é um estimulo válido

Então eu vim pra ser a interrogação
E o que se entende só depende da sua interpretação
Interrogara-me se eu queria viver assim?
Sim, sem som não dá e o bang é aqui

Enquanto tem um mané que escuta no rádio a voz do Brasil
Tem um menor que faz a ronda e mete bronca de fuzil
Puxando o gatilho e um dia foi quem caiu
Mais um pra contar filho, deste solo és mãe gentil

De um lado sobe e ganância e enriquece
Do outro de amor e de esperança a terra desce
Se tamo preso em um beco sem saída
Vamo seguir sem medo sempre cantando a vida

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