Vá-de-viró

Ameixial É minha aldeia

Vá-de-viró
Canto cantigas de amor,
Mas não pretendo de amar.
Todas falam em amor,
Algumas hei-de cantar.

S'eu soubesse cantar bem,
Nunca s'taria calada.
Mesmo assim eu não sabendo,
Não vivo d'imaginada

Quando eu tinha quinze anos,
Mais do que a prata valia.
Namorava a mangação,
Tinh'amores quantos queria.

E o meu amor é aquele
Que me não tirou o chapéu.
Tem a porta para a rua
E o telhado para o céu.

Anda lá para diante
E eu atrás de ti não vou.
Não me pede o coração
D'amar quem me deixou.

E o andar ó não andar
E ora tira-lhe o caminho.
Quem vai par'amar amores,
Não vai tão devagarinho.

Aqui neste baile andam
Três raparigas desiguais.
Uma pinta e outra não pinta
E outra pinta até demais.

Salsa verde na parede,
Há muito que não disponha.
Não há que fiar nos homens
Que é um gado sem vergonha.

Vestidinho côr de rosa
Neste baile s'estreou.
S'tá bonito, s'tá bem feito,
Meu dinheiro que o pagou.

Andavas e não falavas
E eu rogar não me convém.
Tu deste-me e eu aceitei-o,
Pague Deus a quem faz bem.

Eu não sei que hei-de cantar
Que não me lembram cantigas.
Eu estudadas não as sei,
Esqueceram-me as aprendidas.

Os Cavalos é meu monte,
Ameixial é minha aldeia.
Oh Montinho dos Vermelhos
Onde meu amor passeia.

Onde meu amor passeia,
Os Cavalos é meu monte.
Os Cavalos é meu monte,
Ameixial é minha aldeia.

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