Meu pingo
Vanderlei batistaNum bagual bueno de arreio eu empurrava o fiador
Sacudindo o tirador para aquele gado matreiro
De vez em quando ajeitava meu redomão caborteiro
Mas nisso senti um estouro já vinha deichando rastro
Cortando terra com pasto um touro maula brasino
Ligeiro dos chifres fino saiu me errando puaço
Já quase entrando no mato não deu p'ra desatar o laço
Ali morreu meu cavalo se rebolcando na grama
Sofrendo ali aquele drama deitado na terra fria
Parece que me pedia para lhe cobrir com capim
Que ali a sua jornada tinha chegado no fim
Ali na aquela invernada ficou um palanque cravado
E um pingo morto enterrado igual um guasca charrua
Que morreu transando pua naquela pampa bravia
Sobre o costado de um mato onde só o vento assovia
Quando eu ando campereando sinto no peito um estalo
E chego a ver meu cavalo lá sobre a campa pastando
Escuto o gado berrando me ajoelho e, tiro o chapeu
Se os bichos tiverem alma,levem meu pingo para o céu
Pexei n'aquele ventana bem ali sobre a paleta
Senti simbrando a roseta no eixo do papagaio
Foi como caisse um raio só ouvi um suspiro de dor
Meu pingo levou um chifraço na volta do sangrador.
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