Mucama
Vicente celestino
Mostraram-me um dia na roça dançando
Mestiça formosa de olhar azogado
Com lenço de cores nos seios cruzados
Nos lóbulos da orelha pingentes de prata
Que viva mulata por ela o feitor diziam
Que andava perdido de amor
Mestiça formosa de olhar azogado
Com lenço de cores nos seios cruzados
Nos lóbulos da orelha pingentes de prata
Que viva mulata por ela o feitor diziam
Que andava perdido de amor
Que em torno das léguas da vasta fazenda
A vê-la corriam, gentis amadores
E os vivos galantes de finos amores
Abrindo seus lábios de viva escarlata
Sorria mulata por quem o feitor
Nutria quimeras de sonhos de amor
Um dia encontraram na escura senzala
Um catre da vela mucama vazio
Embalde recortam viradas do rio
Embalde a procuram nas sombras da mata
Fugira mulata por quem o feitor
Se foi definhando perdido de amor
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