Vitrolas

Ela

Vitrolas
Quando ela se mostra
Pisa, desliza, dispõe...
De uma beleza que cega
Ela acerta onde for

Quando fundo ela olha
Fere, enfeitiça, expõe...
Uma certeza que cega
Ela acerta quem for...

Quando ela se solta mais
Mexe, lambuza e se cansa.
Ela desperta, tensão, euforia.

Desde que não interrompam o ciclo, o sono e o sol da manhã.
Ela não julga, não prende, não se cobra nada.

Ela sabe meu disfarce, meu desejo, minha fala.
Ela roça a língua na boca de outra mulher,
Diz que não espera outra resposta, outra prenda.
Ela deixa esmola na porta e sai quando quer

Mas ela certamente esconde uma palavra aflita, insegura.
Que não deixa nunca nunca transparecer.
Alguma coisa mal resolvida, mal tratada, algum estrago.
Algo que nunca deixará transparecer.

Ela rouba meu disfarce, meu segredo, minha fala.
Ela exibe o rosto perfeito e ri quando quer.
Diz que não se importa não se encaixa e não se queixa
Ela esnoba aquela vida, aquela fé...

Se ela disser que sim
Quem se atreve a dizer não
Ela faz que vai, que vem, que não, que sobe as paredes
Se ela disser que vai ter sim
Eu me abaixo pra ver
Ela me deixa olhar pro alto, onde eu me sinto acima do bem.

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