O matuto digital
Zé cearáLá da fazenda guará
Foi passá quarenta dia
Prás banda da capitá
Comprou muita nuvidade
E quando vortô prá roça
Cumeçô a se amostrá
Trôxe um tá dum lépi tópi
Duas máquina de lavá
Computadô importado
Telefone celulá
Uma máquina de cuspir
A bicha cospe ki-suco,
Café, leite e guaraná
Cospe água na quartinha
Suco de maracujá
E tem ôta mais bunita
Que inté chico do muquém
Pidiu a zé de caindinha
Qui mandasse de são paulo
Uma prá ele também
Mandaro na incumenda
Um chamado devedê
É coisa tão da muzenga
Que inté chico bedêu
Quando viu o movimento
Muntô logo no jumento
Fez carreira e se escondeu
Eme pê três, pleisteitio,
Televisão digitá,
Palmi topi, notebuque,
Carro cum teto solá,
Tratô cum vidro fumê,
Ultraleve, autorama,
Automove sem pedá
Uma buneca qui fala
Ispingarda cum radar
Um avião qui nos prédio
Fica parado no ar
Outro avião bem piqueno
Qui no remoto se guia
Sem ninguém prá pilotar
Duas moto bem novinha
Prá se andá no sertão
Os matuto admirado
Apertando nos botão
Um gravadô bem pequeno
Qui cum mais de mil cantiga
Cabe na palma da mão
Alugou para os matuto
Aumentô logo a poupança
E de avião vortô
Foi morá prá lá da frança
Na espanha se casou
Cum dois ano ele vortô
E hoje vive na lembrança
E assim vou encerrando
Essa história populá
De cumpade joão de otília
Matuto do ceará
Qui ganhô muito dinheiro
Alugando pros matuto
Aparelho digitá