Sementes de vida
Adair de freitasEm que o verde era mais verde
E nesse tempo se ouviam
Cantos de pássaros, cantos de roda
Palavras amigas na boca do irmão
Colhíamos flores, espigas de trigo
As flores sorriam enfeitando as janelas
E o trigo nas mesas, fartura de pão
Passaram-se os anos, mudou a paisagem
Se fez estiagem na alma dos homens
Além das coivaras, o rastro profundo
Das patas dos monstros que matam as matas
Tiraram o brilho do olhar das crianças
Roubaram a esperança do rosto dos velhos
E todos perguntam, por Deus, até quando
Veremos calados tamanha matança?
Esses homens que tingem os rios
Que matam os peixes, engolem ganâncias
E vivem da ânsia do tombo das árvores
E vivem da ânsia do tombo das árvores
Esses homens não têm consciência
Que a mãe natureza precisam cuidar
Que a morte dos rios e do verde das matas
É a morte da vida se a fonte secar
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