Sertão perdido
Adriano buenoMe acompanha esse tormento
Lembranças desse pobre boiadeiro
Desgastado pelo tempo
Estrada boiadeira que hoje é lenda
Estrada de chão batido
Comitiva, boi berrando no estradão
Meu velho sertão perdido
Quantas noites no clarão da lua cheia
E à beira da fogueira o chimarrão
Versos dedilhados na viola
Faz tremer qualquer peão
Travessia perigosa do araguaia
O estouro da boiada ao entardecer
Viagens infindadas mundo afora
Saudade da poeira faz doer
Com o peito rasgado, me restou essa mágoa
E meus olhos choram, feito rio que deságua
Olhando num canto
Esquecido a traia de um peão ferido
Na lembrança cansada, com a viola na mão
E um peão sem diploma, que perde a profissão
Escrevi essa moda
Sentindo saudade, do meu sertão perdido
Tempo na história que não volta mais
Tantas lembranças deixadas pra trás
Memórias guardadas de um triste peão
Pelo tempo traído
Pendurei minha espora, a guaiaca e o chapéu
O meu velho laço, conpanheiro fiel
No arreio surrado
Deixado de lado com meu sertão perdido
Quantas noites no clarão da lua cheia
Tempo na história que não volta mais