Adriano bueno

Velho boiadeiro

Adriano bueno
Tive surpresas, muitas vezes tão doídas
Caminhei à passos largos, evitando tropeçar
Fui viajante, boiadeiro, eu fui andante
Fiz história com boiada, nem o tempo vi passar

Agora aqui, embaixo da paineira velha
Com meus olhos cheios d'água
Sem saber pra onde ir
Resta em meu corpo calejado de lembranças
As pousadas e festanças, boiadas que conduzi

Quantas viagens infindadas, comitivas
Travessias perigosas nas águas do paraguai
Rio de surpresas, correntezas, cachoeiras
Vida boa pantaneira, herança do meu velho pai

Em poesia com o repique do berrante
A boiada segue adiante até a lua aparecer
Rio araguaia de histórias e segredos
Sua grandeza mete medo e a saudade faz doer

E agora dentro do caixão de lenha
Minha tralha velha, toda empoeirada
A sela de prata junto ao par de esporas
O berrante amigo do velho ponteiro

A capa de chuva que foi tão surrada
Viola caipira sem corda nenhuma
Me contam que o tempo é cruel e ligeiro
É o ciclo final desse velho boiadeiro

Quantas viagens infindadas, comitivas
E agora dentro do caixão de lenha

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